terça-feira, 15 de julho de 2008

"A TERRA É A MINHA PÁTRIA, O CÉU O MEU TETO E A LIBERDADE É A MINHA RELIGIÃO"
(PROVÉRBIO CIGANO)

quarta-feira, 11 de junho de 2008

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Omissos e Omitidos na Historiografia
OS CIGANOS
Direitos Reservados ao Autor

" CORREIO"Ciganos no Mundo Moderno
01/1975
Ed. IFGV
Rio de Janeiro/ RJ-ANO 3
N° 1 / Acervo Novo Milênio
ed. Delpire
Paris França 1975

quinta-feira, 24 de abril de 2008



" Só com um trabalho intenso de esclarecimento no mundo inteiro é possível acabar com a imagem negativa dos ciganos e assim melhorar suas chances na sociedade onde vivem ..."
Florin Cioba (Presidente da União Romani)


OMISSOS E OMITIDOS NA HISTORIOGRAFIA: OS CIGANOS

ESTA PESQUISA É REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO

É PROIBIDA A DUPLICAÇÃO OU REPRODUÇÃO DESTA OBRA OU SUAS PARTES, SOB QUAISQUER MEIOS, SEM A AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DO AUTOR.

quarta-feira, 9 de abril de 2008


OMISSOS E OMITIDOS NA HISTORIOGRAFIA: CIGANOS
RODRIGO GEVEGIR
OBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL DO ESTADO DO RJ


Mustra la mano, señura,

Non hayas ningun recelo.

Bendiga-te Diuz del cielo,

Muy buena ventura tienez,

Muchuz bienez, muchuz bienez,

Un hombre te quiere mucho.

Otroz te hablan de amurez.

Farsa das Ciganas - Gil Vicente.
Buscar também para pesquisa sobre o povo cigano:




quinta-feira, 3 de abril de 2008

THE GYPSY HISTORY
OMISSOS E OMITIDOS NA HISTORIOGRAFIA
CIGANOS

quarta-feira, 2 de abril de 2008


APERTE A SEU LADO ESQUERDO EM "MARÇO" E TENHA ACESSO A OBRA


OMISSOS E OMITIDOS NA HISTORIOGRAFIA: CIGANOS

TECLE AO LADO ESQUERDO NO ITÉM "MARÇO" E TENHA ACESSO A OBRA POR INTEIRA

OBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


MIO VACITE PRESIDENTE DA UNIÃO CIGANA DO BRASIL
CIGANO

NASCI CIGANO

CIGANO CRESCI

MEU PENSAMENTO É ROMANÓ

E COM A ROMA QUE EU APRENDI

E O OLHAR DE NOS CIGANOS

IACÁ ROMANÓ

THIEMÔS DOREDÔ

ENCHERGAM A VIDA O DESTINO

NAS NOITES ENLUARADAS

CORRE OS RIOS EM SEU CURSO

ASSIM CORRENDO O NOSSO

SANGUE CIGANO

SOY GITANO, NO MEU ANDAR NO MEU VIVER

NO MEU AGIR NO MEU SER

CIGANO VIVI

CIGANO MORREREI

CIGANO ETERNAMENTE SEREI


CIGANA
Uma faísca, da fogueira cigana
Emergiu pelo ar,
Numa noite de magia
E musicas à soar

Ao som dos violinos as saias a girar
A faísca pousou na rosa
Que começou a despetalar

As pétalas vermelhas
Ao cair no chão
Fez nascer a Cigana

Mulher, guardiã da tradição



Vaidosa, encantadora
Sacerdotisa da adivinhação
Mãe, fêmea por criação

Desbravadora da cultura
Pesquisadora nata
Traz consigo de muitas vidas
O leque dos dias, das noites das madrugadas,

Fiel em sua aliança
Paloma branca de gratidão
Serpente oculta no ninho
Ao conhecer a ingratidão

Construtora de idéias
de movimentos, autênticos
mulher forte de seu tempo
que ultrapassa as barreiras do vento

Cigana é igual, significa coração
Com amor ao que faz, na luta pela compreensão
Pela verdade de seu povo
Pela cabeça erguida, sem perseguição

Nasceu cigana, vive cigana e transcendera cigana
Sim à cigana sempre Cigana.
Da beleza à majestade, do triunfo a liberdade
Quem te conhece não te esquece

E de ti, levarão ares ciganos
Que se espalharão por vários cantos
E de ti comentarão mesmo sem te conhecer, te ver,
Sua imagem corta os oceanos é a cigana e seu saber.

Da magia ao mistério
Da dama de ouro enigmática
Pela estrada do destino
Da ajuda pelas cartas


Ser Cigana é mais que isso,
Só uma foi feita, do fogo e da rosa
Protegida por Nossa Senhora,
Nossa Senhora dos Ciganos
Padroeira dos caminhos
Das graças imaculadas
Abençoai as Ciganas em seus caminhos.

RODRIGO GEVEGIR





A ATRIZ GINA LOLLOBRIGIDA EM O CORCUNDA DE NOTRE DAME NO PAPEL DA CIGANA ESMERALDA PRODUÇÃO FRANCESA.
DE DESCENDÊNCIA CIGANA A ATRIZ RITA HAYWORTH



LISTA DE ALGUNS FILMES SOBRE A CULTURA CIGANA, OU QUE TENHAM CIGANOS EM SEUS ENREDOS:




O REI DOS CIGANOS




O TREM DA VIDA




SINA CIGANA




QUANDO OS VIOLINOS PARAM DE TOCAR




OS IRMÃOS KARAVANOVISCK




LONG DROM (LONGA ESTRADA)




A MALDIÇÃO




CARMEM (RITA HAYWORTH)




CORCUNDA DE NOTRE DAME (GINA LOLLOBRIGIDA E ANTHONY QUINN)




O MÉDIUM




OS CIGANOS VÃO PARA O CÉU




LA MIRADA





OMISSOS E OMITIDOS NA HISTORIOGRAFIA : OS CIGANOS
TECLA AO LADO ESQUERDO NO MÊS DE MARÇO E TENHA ACESSO A TODA A PESQUISA GRATUITAMENTE


ICONOGRAFIA CIGANA


ICONOGRAFIA CIGANA - ARQUIVO PESSOAL - PROÍBIDA REPRODUÇÃO
ICONOGRAFIA CIGANA - ARQUIVO PESSOAL - PROÍBIDA REPRODUÇÃO

ICONOGRAFIA CIGANA - ARQUIVO PESSOAL - PROÍBIDA REPRODUÇÃO

POPULAÇÃO DE CIGANOS NA EUROPA
Oito países do Leste da Europa Lançaram um programa de 10 anos para combater a discriminação de Ciganos. A iniciativa envolveu Bulgária, Croácia, República Tcheca, Hungria, Macêdonia, Roménia, Eslováquia e Servia e Montenegro.
POPULAÇÃO CIGANA NO MUNDO.......................12 MILHÕES
ALEMANHA..................................70 MIL
REPÚBLICA TCHECA...................300 MIL
HUNGRIA..................................600 MIL
ESLOVÉNIA.................................10 MIL
SÉRVIA......................................700 MIL
BÓSNIA.......................................80 MIL
ESPANHA....................................50 MIL
KOSOVO.....................................150 MIL
LETÓNIA......................................30 MIL
LITUÂNIA.......................................3 MIL
ESLOVÁQUIA.............................400 MIL
ROMÊNIA.......................................3 MILHÕES
BULGÁRIA.................................800 MIL
CHIPRE..........................................2 MIL
Cit. Jornal "O GLOBO" Rio de Janeiro, Brasil; caderno "O MUNDO" matéria Integração Tardia, Alemanha e Europa Oriental Buscam Incorporar Ciganos após séculos de Discriminação: Domingo, 13 de Fevereiro de 2005, pág 36.
OBS: está cifra não corresponderá corretamente o número da população cigana na Europa, discordando da matéria acima publicada, pois há, aqueles que omitem sua origem, tornando-se o que vamos encontrar no decorrer desta pesquisa de Criptociganos, ou seja aqueles que galgaram postos elevados, cargos importantes e com isso omitem sua etnia por receio ao preconceito,




OBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL
TODOS OS DIREITOS ESTÃO RESERVADOS AO AUTOR
OBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL

TODOS OS DIREITOS ESTÃO RESERVADOS AO AUTOR

BIBLIOGRAFIA:(Para realização desta pesquisa - Bibliografia Brasileira e Europeia)

ALENCAR, Francisco. História da Sociedade Brasileira. Rio de Janeiro: Livro Técnico, 1979.

Aristicth, Jordana. A Verdade Sobre Nossas Tradições. Rio de Janeiro: Irradiação Cultural, 1995.

AUZIAS, Claire. Os Ciganos, ou Destino Selvagem dos Rons do Leste: Lisboa, Portugal: Antígona, 2001.

BORROW, George. Os Ciganos, os Zíngaros ou uma Descrição dos Ciganos de Espanha. Lisboa: Empresa Contemporânea de Edições.

COARACY, Vivaldo. Memórias da Cidade do Rio de Janeiro. São Paulo: Itatiaia, 1988 / Rio de Janeiro: José Olympio, 1955.

COELHO, Adolfo. Os Ciganos de Portugal. Lisboa Portugal: Publicação Dom Quixote, 1995.

CORTESÃO, Luiza. O Povo Cigano na Sombra. Coimbra: Coleção Textos, 1995.

COSTA, Elisa Maria Lopes. O Povo Cigano entre Portugal e Terras de Além Mar. Lisboa: MEC, 1997.

COSTA, Elisa Maria Lopes. O Povo Cigano em Portugal da História a Escola um Caleidoscópio de Informações. Lisboa: Instituto Politécnico de Setúbal Escola Superior de Educação, 1996.

DERLON, Pierre. A Medicina Secreta dos Ciganos. Rio de Janeiro: Difel, 1979.

DERLON, Pierre. Tradições Ocultas dos Ciganos. Rio de Janeiro: Difel, 1978.

DORNAS Filho J. Os Ciganos de Minas Gerais. Revista do Instituto Histórico Geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte: Ano III vol. III, 1948.

F.A Coelho. Os Ciganos de Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional, 1892.

FILHO, Mello Moraes. Os Ciganos no Brasil e Cancioneiros dos Ciganos. São Paulo: USP, 1981.

FRASER, Angus. História do Povo Cigano. Lisboa: Circulo de Leitores, 2000.

FONSECA, Isabel. Enterrem-me em Pé. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

GERSON B. Histórias das Ruas do Rio, 4° ed. Revista Aplicada e Ilustrada. Rio de Janeiro: Brasiliana, 1965.

GEVEGIR, Rodrigo. Ciganos Mistérios Encantos e Magias. Rio de Janeiro: JONAERJ, 1997.

HEREDIA, Juan de Dios Ramíres. Nós os Ciganos. Braga Portugal: Ed. Franciscana, 1974.

KENRICK, Donald. Os Ciganos sob o Dominío da Suástica. Lisboa: Centre Recherches Tsiganes, Secretariado Entreculturas, 1998.

KENRICK, Donald. Ciganos: da Índia ao Mediterrâneo. Lisboa: Centre de Recherches Tsiganes, Secretariado Entreculturas, 1998.

LAPLANTINE, François. Antropológia. São Paulo: Brasiliense, 1988.

LAKS, Aleksander Henryk. O Sobrevivente, Memórias de um Brasileiro que Escapou de Auschwitz. São Paulo: Record, 2001.

LELAND, Godfrey Charles. Magia Cigana. São Paulo: Bertrand Brasil, 1992.

LINS, Daniel. Cultura e Subjetividade Saberes Nômades. São Paulo: ed. Papirus, 1997.

MACÊDO, Oswaldo. Ciganos Natureza e Cultura. Rio de Janeiro: Imago, 1992.

MAIA, E. Leão. O Testamento Magico dos Ciganos. Lisboa Portugal: Veja, 1978.

MARRUS, Michael R. A Assustadora História do Holocausto. Rio de Janeiro: Prestígio, 2003.

MARTINEZ, Nicole. Os Ciganos. São Paulo: Ed. Papirus, 1989.

MORENO, Filomena Morais. Porto Portugal: Editorial, 2004.

MOTA Ático Vilas Boas. Contribuição à História da Ciganologia no Brasil. Goiás: IHGG, 1982.

NICOLICH, Conceição. Rharaimôs Romani, A Sabedoria Cigana. Rio de Janeiro: Fundação da Biblioteca Nacional, 1998.

NIREU, Cavalcanti. O Rio de Janeiro Setecentista. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.

PEREIRA, Cristina da Costa. Povo Cigano. Rio de Janeiro: MEC, 1987.

PIERONI, Geraldo. Vadios e Ciganos Heréticos e Bruxos os Degredados no Brasil Colônia. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.

KENRICK, Donald. Ciganos da Índia ao Mediterrâneo. Portugal, Lisboa: ed. Interface, 1993.

REIS, Fernanda. Quadros da Vida Cigana. Portugal, Lisboa: Secretaríado Diocesano de Lisboa da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos, 2001.

RESENDE Renato. Praça Tiradentes as Origens da Cultura Popular. Rio de Janeiro: Usina 21 Artes, 2003.

REVISTA, Almanaque Abril Coleção. II Guerra Mundial 60 Anos, vol. 02. São Paulo, 2005.

RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

SASTIPEN Ta Li. Saúde e Liberdade, Ciganos Números, Abordagens e Realidade. Lisboa Portugal: SOS Racismo, 2001.

SUDRÉ, Alex Sandro. Igeja Itinerante a Inculturação entre Ciganos Kalderach. São Paulo: AEI, 2003.

STVDIA. Centro de Estudos Históricos Ultramarinos. Portugal, Lisboa: Revista Semestral, 1973.

TEIXEIRA, Rodrigo Corrêa. História dos Ciganos no Brasil. Recife: NEC, 2000.

VIEGAS, Alberto e José João Sá e Silva. Ciganos Álbum de Fotografias. Lisboa: Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Nacional para a Promoção e Pastoral dos Ciganos, 1993.


































segunda-feira, 31 de março de 2008




OMISSOS E OMITIDOS NA HISTORIOGRAFIA: OS CIGANOS
RODRIGO GEVEGIR


PARA TODOS AQUELES QUE AMAM E PRESERVAM A CULTURA CIGANA ESSE BLOG É SEU PARA SUA PESQUISA


ALMA CIGANA


SOMOS AMANTES DAS ESTRADAS

SOMOS CASADOS COM A LIBERDADE


PEREGRINOS DO DESTINO

FILHOS DO VENTO


MÁGICOS CIRCENSES

DOMADORES DE ANIMAIS

PREDESTINADORES DA VIDA

VIDENTES DO DESTINO


BRUXOS MAGOS TEMIDOS

QUEIMADOS NA INQUISIÇÃO

PERSEGUIDOS PELOS CAMINHOS

DEGREDADOS DA VIDA


AMANTES DA MÚSICA

BAILARINOS NATOS

FERREIROS CALDEREIROS COMERCIANTES

SANGUE DE NÔMADES


FESTEIROS DA NOITE

COLORIDOS DE VIDA

SOMOS OS CIGANOS DAS ESTRADAS

COR E ALEGRIA


OMISSOS E OMITIDOS NA HISTORIOGRAFIA: CIGANOS RODRIGO GEVEGIR

OBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO AUTOR
INTERIOR DA CASA DE CIGANOS - JEAN B. DEBRET 1816

SER CIGANO


Em pleno século XXI, permanece ainda por demais fascinante a cultura cigana.
Ao ocultar-se dos não ciganos, sobrevivem em um sistema completamente á parte da sociedade, e ao mesmo tempo inserida a mesma. Ocultar-se, muitas vezes significa sobreviver, resistir, deixar de lado preconceitos seculares.
Ciganos, nômades e sedentários, cultura ágrafa, provindos da Índia, apaixonados por suas crianças têm na família sua base estrutural, sua devoção a seus idosos que representam suas histórias vivas, hábeis comerciantes, artistas e músicos. É isto que se deve conter em um dicionário, quando procurarmos pelo significado da palavra “cigano” e não a de trapaceiro, ladrão e perigoso á sociedade.
Lembremos que se há um ou outro elemento errante como há em qualquer etnia, não se pode com isso designar todo um povo (etnia), se assim for todos nós de todas as etnias teríamos inúmeras denominações, isso é preconceito.
O dicionário Aurélio já corrigiu está situação, o que a autora de origem cigana Jordana Aristicth
[1], já agradeceu e mencionou em sua obra, e hoje retificado com a menção:


“Cigano indivíduo de um povo nômade, que tem um código ético próprio, vive de artesanato, de ler a sorte e se dedica a música, homem de vida incerta”.


Parte do Brasil este gesto digno, de Aurélio Buarque de Holanda e equipe. Outro fato é que a enciclopédia Delta Larouse de n° 4 de 1972, cita serem os clãs ciganos totalmente comandados pelas matriarcas, o que, porém está incerto, pois a cultura dos ciganos é patriarcal.

Uma parte da bibliografia cigana no Brasil, não é direcionado ao contexto historiográfico, não se comprometendo como plano de base, problematização, crítica do assunto, a história, as fontes e dados necessários às pesquisas, as obras que servem como fontes de consultas confiáveis são poucas, mas ninguém pode fazer são ensaios, pois nos faltam documentos e a maior parte da história é de origem de fontes orais e não documentos. Os ciganos foram esquecidos pela historiografia brasileira e seus estudos começaram tardiamente.
No Brasil houve quem dedicasse tempos de suas vidas ao estudo e entendimento da etnia cigana, o que chamamos de ciganólogos. O pioneiro deles, sem dúvida e não podemos deixar de referi-lo nesta pesquisa, é Melo Morais Filho, a segui-lo José Benedito de Oliveira China, João Dornas Filho, Adolpho Coelho, este último não nos apresenta um rigor científico e sim efeitos literários. O que temos em termos de pesquisas iniciais no Brasil, vindas diretas de ciganos, são informações anteriores á segunda metade do século XIX, informações estas orais de ciganos, que observaremos no decorrer do trabalho, Melo Morais Filho
[2] trabalhou com estas importantes fontes, mas com possibilidades de incerteza dos dados, pela parte dos ciganos, repito a historiografia os omitiu, e documentos em sua maioria são de preconceitos e expulsão o que será esclarecido mediante a pesquisa.
Hoje principalmente na Europa, observaremos a interdisciplinaridade atuando na reconstrução da história cigana, áreas estas atuando com as ciências sociais e humanas.
Há também inúmeros outros livros denominados sobre ciganos, mas que se refere ao mítico e ao sobrenatural, uma nova religiosidade cigana que cresce a cada dia no Brasil vivido por não ciganos, lembremos que ciganos não representam uma religião e sim uma etnia vivendo espalhada pelo mundo.
Ao abrir a porta desse vasto tema sem de modo algum esgotar nestas páginas todo o assunto, busca-se passar um olhar científico, a lembrança de um Brasil com veias de vários povos e culturas. As raízes brasileiras, tão mencionadas em “Casa Grande e Senzala” de Gilberto Freire, o índio, o ibérico e o negro, mas há também o espanhol, o judeu, o árabe, o cigano e outros, transformando em gotas de sangue a correr em nossas veias, criando inúmeras e diferentes faces nesta salada de miscigenação.
Conglomerados ciganos já existiam na Índia desde 1500 a.C. após inúmeras invasões dispersam-se para outros regiões, começa assim a diáspora cigana em 1000 d.C.
Sua religião original era outra certamente ligada ao hinduísmo, e perdida com o tempo, hoje cada cigano assimila a região do país onde vive, havia castas ciganas na Índia de parias locais, castas estas de apresentavam ofícios como domadores de animais, videntes, e forjador de metais.
Entre os séculos X e XI da era cristã, se subdividem em dois grupos: um para a Ásia Ocidental, Arábia, Turquia, Síria, Palestina e outro para o império Bizantino.
Chegam ao mundo Bizantino e na Europa no século XIV, já se encontra inúmeros relatos, narrativas, sobre viajantes do Oriente ao Ocidente que mencionam a estranha população sob tendas.
Passaram pela Grécia, Chipre, Rodes, Corfu, Negroponte. No século XV á XVI já estavam espalhados por Europa. Na Moldávia e Valáquia, hoje atual Romênia, foram escravizados em 1370. Em meados do século XIX, em 1885 cerca de 200.000 mil ciganos foram libertados da escravidão na Romênia.
Noticias de ciganos eram datadas chegando à Hungria (local do mundo onde a língua cigana é mais preservada
[3]), na Alemanha em 1417, 1422 na Bolonha e em 1427 estavam acampados em pontes de Paris, deixaram sinais de passagem na Rússia, Polônia, Inglaterra e Suécia no final do século XV, final da peregrinação na Europa. Uma das primeiras referências em Portugal, documental segura já data do século seguinte 1510, uma poesia de Gil Vicente “A FARÇA DAS CIGANAS”[4] estas primeiras notícias se misturam a tantas outras hostilidades da população portuguesa, o que se prorrogará por tempos junto a perseguições.
Segundo fontes documentais que serão mencionadas ao decorrer destas páginas, os primeiros ciganos oficializados a chegar ao Brasil, datam de 1574, degredados de Portugal, mas há estudiosos do assunto que acreditam que possivelmente com o descobridor, na frota de Cabral, os sete homens integrantes da capitania portuguesa vindos na viagem, homens de origem indiana, provavelmente seriam ciganos.
Mas é no final do século XVII é que vemos por total, os degredos de ciganos para o Brasil, chega o grupo denominado Kalons, ou seja, os primeiros ciganos a chegarem as Terras de Vera Cruz, o Brasil.
Em 1822 em diante, ou seja, da emancipação política chegam os ciganos do grupo Rom extra ibéricos, chegam já assimilados ao catolicismo.
No Brasil, essa etnia, os ciganos veneram N.S Aparecida, sua padroeira no país. A N.S. Lâmpadosa, a Santa Ana (Mãe de Maria) que chamavam carinhosamente de cigana velha e Sara Kali, padroeira de todos os ciganos do mundo, mas conhecida principalmente e cultuada pelos ciganos europeus, no Brasil o culto a Sara Kali se fortificou mais recentemente, celebrada em Saites Maries de La Mer na França nos dias 24 e 25 de Maio, onde acontece uma verdadeira peregrinação, ciganos de todo o mundo estão presentes.
Em Maio de 1997, o papa João Paulo II, beatificou o cigano Beato Ceferino Gimenez Malla (El Pelé).
Na Hungria os ciganos recitam uma antiga oração que fazem a virgem, esta oração é feita periodicamente:
“ Doce Deusa, daí-me saúde, Santa Deusa, daí-me felicidade e graça, para onde quer que eu vá; socorrei-me poderosa e imaculada, dos homens feios, para que eu siga nas estradas até ao lugar que destino; socorrei-me, Deusa; não me abandone, Deusa porque oro pelo amor de Deus.”
[5]

Neste percurso dos ciganos, de sua saída da Índia ao resto do mundo, há ainda hoje inúmeras outras hipóteses até mesmo entre os próprios ciganos, que em um mergulho de mitos, dizem se originar do Egito, o que Voltaire dizia serem descendentes dos sacerdotes da Deusa Ísis, misturados a seus adoradores, Vulcanius Boaventura em seu livro “Litteeris et Língua Gelarum et Ghotorum” (1967), diz os ciganos se originavam da Núbia, na África. Outros autores os consideram autênticos judeus, como o alemão Wagnseil, em 1700, sustentava a tese de semelhanças físicas o que não há nenhuma consistência, com certeza improvável. Jean Paul Clébert, em seu estudo aprova a origem indiana aos ciganos, pois encontrou semelhanças lingüísticas e raciais.
O cigano chamado Toti Steinberger, na época com 43 anos, em 1975 afirma serem os ciganos descendentes diretos da Rainha Nefertiti, a princesa egípcia (1475 á 1321 a.C), Steinberger representava os três clãns na Europa: Manuches, Rons e Sisti, Toti Steinberger se denominava l´der destes grupos, é e importante saber que não há reis nem rainhas na cultura cigana, Steinberger para expor tal informação ele se dirigiu ao Vaticano, com a finalidade de certa projeção particular de seu domínio e influência de seu povo com trailers onde Mercedes-Bens os puxavam com grande quantidade de ciganos dos grupos acima referidos.
Há algumas lendas também que tenta explicar o surgimento dos ciganos, uma delas seria que Caim, irmão de Abel, após matá-lo teria sido condenado por Deus a habitar sob tendas:
“(...) agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para da tua mão receber o sangue de teu irmão. Quando lavrares a terra não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra (...) Caim saiu da presença de Deus e foi habitar na terra de Node, ao Oriente”
[6]

Outra história seria que ao se recusarem a dar abrigo a sagrada família em Belém, ao nascimento de Jesus, teriam sido castigados a vagar pelo mundo sem um lar fixo, outra que os ciganos teriam incentivado Judas a trair Cristo. Estas narrações fantasiosas nos esclarecem a forma usada para condenar e perseguir os ciganos, relatos que os não ciganos acreditavam profundamente e que usavam como argumento para repudiar um povo que teria segundo lendas, prejudicado a Jesus Cristo, imagine como estes falsos relatos formavam-se nas cabeças dos não ciganos, levando-os ao preconceito e repugnância dos mesmos e que horrores aconteceram por isso.
Há outra lenda que diz que uma cigana teria roubado o prego que seria fisgado no coração do Cristo em seu martírio (este cravo, ou prego que teria sido forjado pelos próprios ciganos) ela o fez por não mais agüentar ver o sofrimento de Jesus, daí a lenda que todos os ciganos poderiam possuir o que quisessem sem esforço, para os ciganos não seria pecado.
Com a dispersão dos ciganos para o resto do mundo, necessitaram de criar mecanismos para a sua sobrevivência, entre eles a esperteza e a omissão de seus costumes e de sua língua, o choque cultural era por demais entre os não ciganos e ciganos.
“Por aquilo que é imundo de natureza, não podes alimentar esperança; não há lavagem que torne o cigano branco”
[7]


Suas kumpanias, melhor caravanas, seguiam pela “Longa Estrada” homens á frente mulheres e crianças pelas estradas da vida, um caminho sem parada, sem destino, em suas caravanas não há solidão, pois os ciganos odeiam a solidão, deixavam seus contatos nas estradas á caravanas ciganas que por ali depois passassem, eram avisos deixados em tiras de panos, talhe de ossos, gravetos quebrados e amarrados de forma especial, daí a desconfiança de camponeses achando-se tratar de feitiços, de sementes do mal, do diabo, o que ajudou a formular a idéia de feiticeiros.
Os ciganos gostam da verdade que chamam de Caçimos ou Tchimos, não sonham com uma terra natal, pois na grande estrada Deus lhes deu o mundo, quando querem dizem grandes verdades.
O choque cultural fora demasiadamente forte no momento em que adentram a Europa, os ciganos enfrentam seu martírio e sua sina.
Ser cigano é também saber enfrentar os obstáculos de cabeça erguida e com uma postura de vitória e sobrevivência em cima de opressões, e esta força que faz este povo permanecer vivo, insistindo em sua preservação em pleno capitalismo desenfreado do qual vivemos, e se adaptar sem perder as tradições e suas raízes culturais e ancestrais, fiéis em seus ideais e seus costumes, é vencer o tempo, é permanecer igual como antes mesmo estando nos dias atuais.
Neste trabalho observaremos o trajeto dos ciganos de Portugal ao foco da cidade do Rio de Janeiro, realçando a participação do grupo Calon, na formação da cidade em sua participação a grandes momentos do Império, sua união e recepção com os brasileiros, sua fusão e assimilação em um continente chamado Novo Mundo, em seu clima tropical que desabrochariam os encantos e mistérios e superstições dos ciganos, de profissões de artistas á oficiais de Justiça, negociantes a bandeirantes, de ciganos ricos na corte a meirinhos, do Rio de Janeiro onde os ciganos se assentaram sobre brejos e mangues desvalorizados, o tempo da glória na corte brasileira mesmo sendo um criptocigano
[8]
Para entendermos melhor os ciganos devemos nos despir dos conceitos de etnocentrismo, moral, religiosos e tabus que nos são inseridos na sociedade, só assim poderá conhecer o cigano como realmente ele é, os verdadeiros ciganos que não mentem uns para os outros.

“A linguagem dos ciganos vem do coração, os quais vivem para o momento presente, enquanto para os não ciganos, a linguagem desempenha uma função mais cerebral ”
[9]

Assim são Yul Bryner, Charlie Chaplin, Rita Haworth, Gypsy Kings, Dedé Santana, Carequinha Jorge Sedala Gomes, Zurca Sbano, Wagner Tiso, Ana Rosa, Joaquim Cortez, JK, Castro Alves, Íon Voicu, Gyogy Csffra, Aladar Rasz, Carmem Maya, Django Reinhardt, Gitanillo de Triana, Mio Vacite e tantos outros, são os ciganos e seus “descendentes”, que se orgulham de serem simplesmente ciganos.




[1] Cit Aristicth, 1995, p.84.
[2] Melo Morais Filho pioneiro dos estudos ciganos no Brasil, os estudos ciganos na Europa também acontecem tardiamente, o estudo da ciganologia hoje é uma ciência interdiciplinar.
[3] Cit. Borrow, George, pág 19.
[4] Fala de um engano praticado por um cigano, diálogo entre quatro ciganas.
[5] Cit. Borrow, Geoge, pág. 20.
[6] Cit. Bíblia Sagrada, Gênesis, cap. 4, vers. 11 e 14.
[7] Ferdusi, Cit. Borrow, Geoge, pág. 05.
[8] Cigano de origem, mas esconde sua ciganidade por medo de preconceito, por posições sociais e cargos elevados sejam eles políticos ou artísticos.
[9] Referencias de Francisco Monteiro.


HOLOCAUSTO CIGANO

Na Segunda Grande Guerra Mundial, a perseguição e o extermínio dos ciganos, o holocausto nazista, cerca de 600.000 ciganos foram mortos em campos de concentração principalmente em Auschitz e Birkenau, além disso, avia 165 campos de trabalhos forçados.
Hitler e sua inspiração em Richard Wagner, compositor ultranacionalista, artista e político influente que pregava o anti-semitismo que unia a vida e a arte para a construção de um ideal de Estado Novo. Modelando-se na antiguidade, interligando arte, política e saúde. Hitler começa sua propaganda nazista, com uma espécie de maquiagem mental para o povo alemão, “arte é a saúde do espelho racial” esse era o slogan, devemos pensar no nazismo também como forma sociológica.

Judeus-------------------------------------6.000.000
Ciganos--------------------------------------600.000
Deficientes-----------------------------------200.000
Homossexuais-------------------------------100.000
Socialistas-------------------------------------50.000
Testemunhas de Jeová----------------------50.000

Total de 7.000.000 pessoas eliminadas
[1] acredita-se que outros 5.000.000 de vítimas foram eliminados por discordarem da política nazista. 12.000.000 milhões de indivíduos que perderam suas vidas por pertencerem a uma etnia, religião, facção política ou não serem fisicamente e mentalmente perfeitos[2].
Hitler declara:
“A guerra deverá ser de extermínio. Matem sem compaixão ou misericórdia todos os homens, mulheres e crianças de descendência ou de língua polonesa”
[3]

“ O anti-semitismo era professado por todos os grupos e associações que pregavam o nacionalismo militante, a expansão imperial, o racismo, o anti-socialismo e a defesa de um governo forte e autoritário”
[4]

Havia um campo de ciganos conhecido pelo nome de Bikernau, ali esteve grande quantidade de ciganos, todos foram exterminados em câmaras de gás, em uma única noite, cantavam e dançavam segundo a sua tradição para disfarçar a agonia final, para poder principalmente tentar distrair as crianças.
Para disfarçar a Cruz Vermelha, e convence-la de que tudo estava bem, ou seja, de que tudo ocorria perfeitamente os nazistas fizeram um cenário de ficção, os alemães diziam a comissão que os ciganos se encontravam presos por serem boêmios e vagabundos, não podendo assim transitar junto ao povo alemão, este campo dos ciganos ficava próximo ao crematório, causando forte odor e cinzas que cobriam todo o lugar, os nazistas colocavam cobertores, para disfarçar e não permitir ser visto o crematório, o que não adiantava
[5]. Esse sem dúvida foi o maior golpe contra o ego da humanidade civilizada até hoje visto. Primo Levi menciona:
“ Nunca antes tantas vidas foram extintas num tempo tão curto, e com uma combinação tão lúcida de engenhosidade, tecnológica, fanatismo e crueldade”.

Os cabelos de ciganos, judeus eram raspados para confecção de meias e cordas para navios
[6], suas famílias separadas, filhos longe das mães, marcados como animais em cativeiro, na campanha nazista Judeus e Ciganos contaminado toda a Europa, isto fora divulgado pela imprensa de Hitler em 1933. Em 17 de Outubro de 1939 Heydrich, sob o comando de Hitler proíbe os ciganos de abandonarem seus acampamentos, fora logo após feito um recenseamento e conduzidos a campos de concentração. Dachau foi um dos primeiros campos a recebê-los, sofreram duras medidas disciplinares eram elementos que para os nazistas não poderiam fazer parte da sociedade, um slogan de 1941 diz:

“ Depois dos Judeus, os Ciganos”

“(...) Nos campos de Dachau e Buchenwald, ciganas tomavam água salgada. O objetivo era avaliar quanto tempo conseguiam viver sob semelhante dieta. A esterilização foi largamente praticada, tanto em homens como em mulheres. Os detentos também foram objeto de estudos ditos antropológicos(...)”
[7]

A Gestapo recebe ordem meramente restrita informando serem os ciganos duplamente perigosos, prejudicando a causa nazista,
Em 1941, vemos uma deportação em massa de ciganos para Lodz, em Outubro de 1941, mais de cinco mil ciganos entre eles 2.600 crianças, frio, falta de higiene, sem ajudas médicas com tifo, onde são eliminados inúmeros adultos e crianças, os sobreviventes deportados para Chelmo e queimados nas fornalhas ou câmaras de gás.
Experimentos químicos, mortes coletivas e individuais, crianças ciganas e judias em um único grupo com gritos, separados de seus familiares eram crianças da Boêmia, dos Carpatos, do nordeste da França, da Polônia, da Rutênia, estavam a pele e osso com feridas infecciosas, bebiam água de cobertores lavados ainda úmidos, cobertores de pessoas que já haviam falecido de doenças sérias, isso causava estomatites cancerosas e putrefação da carne á boca, poderiam ser observadas em Auschwitz, os ciganos matriculados, num total de 20.933 mil e mais 360 crianças nascidas no campo de concentração no começo de agosto de 1944, quatro mil ciganos foram mortos nestes momentos, pessoas ajoelhadas imploravam pela vida sem resultado, os prisioneiros andavam sob seus dejetos até aos calcanhares, talvez estes dados sejam inferiores às cifras reais
[8].

“ As roupas eram marcadas por triângulos de diferentes cores, com a finalidade de identificar a procedência dos prisioneiros: O Triângulo rosa dos homossexuais; a dos prisioneiros políticos eram vermelhos; o dos assassinos verde; a dos ciganos e marginais preto; padres e testemunhas de Jeová era roxo; os judeus usavam estrelas de Davi “
[9]

Houve ciganos que traíram seu povo, é o caso do cigano de nome Flossenbürg:

“ O Kapo de nome Karl, era um sádico doentio Usava triângulo vermelho no uniforme, indicando que era prisioneiro político, mas, na verdade era um assassino. Ás vezes, durante a formação, esse detestável Kapo ordenava que abríssemos a boca e cuspia dentro. E quem fizesse expressão de nojo era assassinado na hora. Karl tinha um ajudante, um cigano alemão que não era melhor que seu chefe. Diziam até que era um condenado à morte por assassinato, mas escapara de ser executado. (...) Cada grupo de trabalho era comandado por um Kapo, um dia, pedi permissão ao guarda do meu grupo para ir urinar adiante nos escombros. Em um grupo estava próximo um Kapo que era cigano de Flossenbürg, o ajudante de Kapo Karl”.

Até em 1944, quinhentos e cinqüenta mil pessoas haviam sido mortas em Auschwitz, em meados daquele ano chegaria a aumentar trezentos mil.
No campo de Birkenau, as câmaras de gás queimavam messes a fio, mesmo estando no frio ou calor á fábrica da morte não cessava, começaram a criar covas para a cremação, pois os fornos não mais davam conta da mortandade.
Neste complexo a oeste de Birkenau cerca de cem judeus e quatro a cinco alemães faziam funcionar os fornos crematórios, nas câmaras de gás usavam o Ziklon B, efetivo apenas a uma temperatura de 27° graus centígrados, está era a triste tarefa dos prisioneiros, que eram obrigados a ajudar na monstruosa tarefa, sendo chamados de sonoderkommando (aqueles que recolhiam os corpos das câmaras de gás para queimá-los).
Neste campo os prisioneiros viviam nas piores condições como observamos no testemunho do cigano Franz Rosenbach (prisioneiro cigano de Auscwitz):
“_As condições eram terríveis, havia doentes nos barracões e ficava todo mundo junto. As crianças gritavam: Mãe tenho fome, quero comer e beber. Mas não podiam beber água por causa do tifo.”

Vinte e um mil dos Vinte e três mil ciganos mandados para Auscwitz foram mortos, Franz Rosenbach completa:

“_ Cada coisa... o que faziam conosco nos deixava
perplexos. Éramos espancados, chutados, humilhados sem saber o porque! “Não tínhamos idéia, só porque éramos diferentes...”

Os Nazistas passavam á propaganda dos ciganos serem anti-sociais, desprezando assim seu modo de viver e ser. Na noite de 2 de Agosto de 1944, acontece a mais apavorante noite de Auscwitz “o massacre cigano”. Repletos de gritos, choros, sons apavorantes, muita fumaça dos crematórios, choravam, pois sabiam para onde estavam indo, assim relata o ouvinte Wladyslan Szmyt (prisioneiro em Auscwitz).

“_ No campo dos ciganos, estes se defendiam até o fim mordiam, arranhavam os alemães, se defendiam como podiam, as crianças eram jogadas em caminhão, se pulassem seus membros eram quebrados braços e pernas para não mais saírem dos caminhões.”

Em outono de 1944 quase todos os ciganos haviam sido exterminados de Auscwitz.
Havia as pesquisas do Dr. Josef Menguele, nascido na Bavária, atuou como autor teatral na adolescência, com lucros do qual doou a orfanatos, seu pai era engenheiro industrial, Menguele desde novo mostrava aos amigos não querer apenas o sucesso, mas se destacar dos demais, da multidão. Em sua formação era fascinado pela genética de anormalidades dominantes. Em 1937 se filia ao partido nazista, e logo depois a S.S, recebe nesta mesma época um segundo doutorado por seu trabalho. Em junho de 1940 é recrutado para o exército e as Waffen-SS.
Ao chegar a Birkenau, no dia 30 de Maio de 1943, Mengele era o médico chefe do campo das famílias ciganas. Se sobressai de outros médicos por sua ambição, crueldade, empolgação e carisma. Criava assim circo humano particular, para experiências.
Mengele selecionava gêmeos, corcundas, hermafroditas, anões, obesos em potencial, mulheres corpulentas (grandes), gigantes, cabeças de alfinete, qualquer anomalia de crescimento era quesito para a seleção de Mengele. Sua enfermeira particular Sara Nomberg Przytyk em Birkenau dizia: “ Aqueles que não foram criados a imagem de Deus”.
O Dr. Jan Cespiva (Ex-prisioneiro Auschwitz) diz:

“_ Pude ver com meus próprios olhos como ele Menguele infectava gêmeos com tifo na enfermaria do campo dos ciganos, para saber se os gêmeos reagiriam do mesmo modo ou diferentemente, pouco tempo depois eram enviadas as câmaras de gás.”

O Dr. Jan Cespiva testemunhou contra Mengele em 1963.
Com isso o polonês Wilhem Brose (prisioneiro Judeo) fotografou ciganos com faces gangrenosas.

O cigano Karl Stojka um cigano na época com 14 anos, chegara a Buchenwald, em meio a centenas de ciganos classificados por não serem aptos a trabalhar. Enviados em seguida para Auscwitz, o irmão e tio de Karl, falaram falsamente que ele era um adulto anão e não uma criança, por isso Karl Stojka sobreviveu e tornou-se excelente e famoso pintor.
O principal ponto em que toco nestes detalhes do holocausto, é que nunca devemos deixar de lembrar, não podemos esquecer estes fatos que marcaram a vida de milhões de pessoas que sobrevivem até hoje de gerações dos que se sacrificaram para terem o direito de sobreviver e os que não conseguiram merecem de nós o não esquecimento, para que seus sacrifícios não sejam em vão.
Por isso discordo quando muitos receiam em falar do holocausto cigano na Alemanha Nazista, na segunda grande guerra, mostrar sim ao mundo, que apesar de tudo, estão hoje os ciganos de pé, erguidos, vivendo sua cultura e tradição, preservando seu povo e mantendo suas tradições.
Em 1945, termina a carnificina evitável da Segunda Guerra Mundial
Os ciganos lamentam, por não participarem do processo de Julgamento de Nuremberg, não houve testemunhas ciganas, nenhum fora convidado para depor, dar seu testemunho
[10].
A pioneira nos estudos relacionados ao holocausto Cigano, foi Myriam Novitch, historiadora do Instituto Yad Vasem, no Brasil eu Rodrigo Gevegir elaboro esta linha de pesquisa como pioneiro.
O primeiro congresso cigano, fora realizado na Iuguslávia, em 1971, onde fora criada a bandeira cigana. O segundo congresso fora em Genebra afirmando a origem indiana para os ciganos.



















[1] Cit fonte: www.segundaguerra.cjb.net
[2] Cit. http:www.segundagrandeguerra.cjb.net.
[3] Cit Marrus, Michael R, 2003 p.40.
[4] Cit. Marrus, MichaelR, 2003 p.41
[5] Cit. Laks, Aleksander Henryk, 2001 p.89 e 90.
[6] Cit. Laks, 2001, p.86.
[7] Coleção II Guerra Mundial, 60 anos, Almanaque Abril: vol 02. São Paulo, 2005. p.38.
[8] Cit. Macedo Oswaldo, 1992, p. 77 à 87.
[9] Cit. Laks, 2001p. 97.
[10] Myríam Novitch é autora da obra L’ Extermination dês Tsiganes.

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Hino dos Ciganos

Opré Romá!
Levantem-se ciganos!


Djelém, djélem lungòne droméntsa,
Viajei ao longo de muitas estradas,


Maladilèm barthalé Roméntsa,
E encontrei ciganos felizes,


Ah! Romalé, Kátar tumém avén,
Oh! ciganos digam-me de onde vem,


E tsahréntsa, barthalé droméntsa.
Com suas tendas, nestas estradas do destino?


Oh! romalé, ah! Chavalé!
Oh! ciganos, Oh! jovens ciganos!


Vi man sasí ekh barí famílija,
Eu também tinha uma grande família,


Mudardá la e Kali Lehíja:
Mas a legião negra a exterminou:


Avém mántsa as e lumnjátse romá
Venham comigo, ciganos do mundo inteiro,


Kaj phutajlé e romané droméntsa
Percorreremos novas estradas


Aké vrjamá ushtí Roma akaná!
É hora, levantemo-nos!


Amém xudása mitshtó kaj kerása,
É chegado o momento de agir,


Ah! Romalé, Ah! Chavalé!
Oh! Ciganos, Oh! jovens Ciganos!

















CIGANOS DENOMINAÇÃO: LÍNGUA E ETNIA

Mencionar ou registrar fatos sobre ciganos, certamente se torna difícil e requer uma busca de conhecimentos específicos e de longa pesquisa a ser realizada pois, estamos relatando uma cultura ágrafa da qual pouco se é conhecida, ou mencionada, os ciganos nunca registraram sua história em escrita, pois suas tradições sobrevivem pela forma oral de expressão, em alguns documentos ibéricos do qual ao decorrer do trabalho se apresentara, nos dará melhores informações desta etnia e sua chegada ao Brasil, é importante esclarecer melhor sua suposta origem étnica, sendo que se perguntarmos a cinco ciganos uma mesma pergunta, obteremos cinco respostas diferentes, cada um respondera a sua, uns dirão que vieram do Egito, Hungria outros de Belém, da Índia, outros que são os mais antigos do mundo os primeiros homens, outros até da lendária e mitológica cidade de Atlântida, a duvida da origem dos ciganos para os ciganólogos é o mesmo do surgimento do homem para os antropólogos.
Alguns documentos mencionam, a ida e vinda, deste povo de característica nômade, documentos muitas vezes em sua maioria de expulsão dos mesmos em seus territórios, acusados de conturbar a paz alheia. Por toda a história cigana encontraremos estes relatos de perseguições, e da necessidade do próprio cigano em mentir, omitir para os não ciganos ou Gadjes para preservar e defender seu povo, tão perseguido e torturado há séculos, a omissão muitas vezes significa sobrevivência para certas etnias, deparamos ai com o chamado corpo calado, um corpo da qual a historiografia brasileira nunca se preocupou em pesquisar e desenvolver a história dos ciganos, o que restou a pesquisadores e alguns ciganólogos que por amor e respeito à etnia, dedicaram anos de suas vidas a cultura cigana. Nos documentos que encontramos veremos claramente as expulsões para fora dos territórios, relações a esta etnia como os criminosos, os boêmios, os trapaceiros, os mentirosos, os descriminados, os banidos pela sociedade. Esse é o retrato dos ciganos em relação a grande parte das poucas fontes existentes tanto no Brasil como em qualquer outro lugar do mundo.
Apesar de inúmeras suposições de seu surgimento étnico, o cigano tem como origem a Índia
[1], o que nos faz supor a esta raiz indiana são as formas de trabalho e a restos lingüísticos, esses são os elementos bases, para supor a Índia como sua terra mãe. Indira Gandhi os reconheceu como legítimos indianos, pela pressão do governo Hindu e dos direitos humanos reconhecem se os ciganos como legítimos hindus no exílio, no ano de 1977, mas nunca se soube que nenhum deles houvesse retornado a suposta pátria. O autor Martin Block em seu livro Moeurs et Costumes Tsiganes relata que no século X, diz dirigir-se uma grande vaga de ciganos da Índia para a Ásia menor, quer dizer saindo da Índia, mas resta até hoje certo número de ciganos nascidos e vivendo na Índia.
Mas se torna muito forte também, sua passagem ou raízes pelo Egito, um grande número de ciganos dizem pertencer à linhagem dos faraós, Voltaire achava ser os ciganos “os degenerados descendentes dos sacerdotes da deusa Ísis, misturados com seus adoradores.” Em 1975, um cigano, que se intitulava líder do grupo Rom na Europa de nome Toti Steinberger, fora ao Vaticano e junto ao papa Paulo VI, anunciou serem os ciganos descendentes diretos da rainha Nefertiti, a princesa Egípcia, todos os encantos do Egito parecem realmente fazer parte dos ciganos que quando identificados por um de suas denominações Gypsies o que significa povo de vestimenta exótica provenientes do Egito, onde a musicalidade as danças e costumes também se assemelham as terras das pirâmides, conta se uma antiga lenda, que entra em contradições, que as 22 lâminas de um taro ou seja dos seus arcanos maiores, teriam sido entregues aos ciganos para fugirem as invasões que ocorriam no Egito, e para com isso não se perderem. Nas 22 lâminas
[2], estariam contidas todos os mistérios do homem e do espírito, fora entregues aos nômades por sacerdotes egípcios, e vão surgir na Europa tempos depois, misturadas entre as cartas do baralho ordinário, está lenda se enfraquece quando entendemos que as ciganas como quirologas, quiromantes e na Europa se tornam também cartomantes, mas não sendo tarológas ou seja usar o tarô em suas adivinhações. (O conhecido baralho cigano pintado a mão, pois cada família criava os seu, este sim era usado pelos rons). Outra lenda seria que os ciganos teriam escondido, Jesus, José e Maria na fuga para o Egito, pois os ciganos escondem alguém como querem como ninguém, e teriam aprendido a fazer o pão do qual se usa em suas tradições com Maria mãe de Jesus, esta lenda se depara contradizendo outra, que diz que José em Belém pede a uma família abrigo para o nascimento de Jesus, está ao negar a estada da mãe em trabalho de parto, nascendo o menino assim em um estábulo, seria esta família cigana amaldiçoada a peregrinar sobre a terra por negar abrigo a sagrada família. Mas tudo isto não passou de lendas e mitos que ajudaram as pessoas a terem mais preconceitos sobre os ciganos e a persegui-los principalmente na época em que a igreja predominava, o preconceito de serem amaldiçoados e de trazerem malefícios aonde chegassem, pois em lendas teriam desabrigado a mãe de Jesus em seu parto.
São os ciganos, denominados de vários nomes no percorrer dos caminhos, foram chamados os ciganos de boémios, egípcios, gitanos, ciganos, gypsies, filisteus, tártaros, faraónicos, mouro, romanichel, madjub, tsigani, calés, siculi, sicani, cingesi, sindi, sinti, agarianos, pagani, cingaríje, carasmar, romcali, astingi, daias, vangari, gadjar, secani, cinquanes, siah-hindus, calis, cad-indi, luri, sarracenos, zindi-calis, dandari, dardani, acigani, singuni, heidnen, kielderings, tartapakes, zingaro, zingari, zogoni, zeygeunen
[3] etc... Os verdadeiros etnônomos, cem nomes diferentes há um só povo, será correto alguém dizer que escreveu a história dos ciganos? Ou o que dispomos são apenas meros ensaios.
A conclusão da origem indiana para os ciganos, já acima mencionada, foi analisada através da linguagem e sua semelhança ao sânscrito, e línguas vivas do mesmo grupo indiano, tais como o Hindi, o Guzrati, o Marathe, o Cashemiri, os ciganos do grupo Rom falam o Romaní ou Romanês e os Catalães, Andaluzes Gitanos espanhóis e os ciganos portugueses falam o Kaló ou Calé, ciganos da península Ibérica, encontramos no percurso da história dos estudos ciganos, três importantes pesquisas sobre sua língua dialeto .
O primeiro o de Alexandre Paspati, pesquisador da fonética cigana e ciganólogo, Éstudes sur les Tchinghianés, publicado em Constantinopla em 1879, que confessa se conhecer a raça cigana (hoje o conceito de etnia), através do estudo de seu idioma, Paspati, junto dos ciganos que viviam temporariamente aos arredores de Constantinopla e da parte européia do império Otomano, acumula suficiente material, para iniciar seus estudos, uma pesquisa de tendas e não acadêmica, sua simpatia é clara, se tornando um querido amigo dos ciganos
[4], (mesmo sendo um não cigano considerado em um grupo de ciganos, mesmo assim nunca os ciganos falaram sobre toda a sua verdade ao amigo Gadjo, pois faz parte da sua preservação este fechamento étnico aos que não sejam de seu grupo), Paspati escolhe o romaní grego o que se torna uma importante obra, mesmo com uma fonética e etimologia insegura.
O segundo é o de John Sampson, The Dialect of the Gypsies of Wales, publicado em 1926, este bibliotecário de Liverpool, estuda por três décadas, era bem visto entre os ciganos que o consideravam um dos seus bons amigos, na Inglaterra da época, uma população cigana estabelecida no país desde o século XVII, e preservavam o idioma de seus antepassados.
O terceiro é de dois suecos, O. Gjerdaman e E. Ljungberg, The Language of the Swedish Coppersmith Gipsy Johan Dimitri Taikon
[5]em 1963, mencionam em sua obra o dialeto romanês dos Kalderasch, falado na Suécia, em 1940, língua de um povo iletrado sem uma correta maneira de se escrever.
Estes três estudos de aspectos importantes, nos ajudam a observar e identificar o romaní ou romanês em aspectos geográficos diferentes
[6].
O certo a se saber, é que a língua cigana funciona como uma espécie de sobrevivência deste grupo, e é dela que conseguem se expressar, uns com os outros sem serem entendidos, mesmo que um não cigano aprendesse a língua cigana, eles, os ciganos, teriam outras palavras com o mesmo significado, formuladas em seu vocabulário seria totalmente impossível de um não cigano compreender, para entendê-la deve-se nascer cigano.
Organiza-nos à tão vasta lista de supostas origens para o povo cigano, como Núbia, Babilônia, Fenícia, Egito, Palestina, Canárias, Assíria, mas a origem indiana do norte da Índia, é a mais aceita pelos ciganólogos como afirma o ciganólogo moderno Jean-Paul Clébert.
Mas quem não garante que a Índia seria mais uma parada dos ciganos em seu longo percurso, o próprio cigano diz que o mundo é a sua pátria, em um antigo verso cigano ele diz “Tenho minha casa no vento e, como o mar tenho no vento a minha glória”, buscam na liberdade sua maneira de viver.

“Rom nasci, Rom morrerei,
Aonde quer que vás há Rons
Quem tem vergonha da sua língua
Tem vergonha do seu sangue,
Percorreremos a terra
E Rons sempre seremos
Todos os Rons são irmãos”
[7].

Neste poema, acima descrito, vemos claramente o orgulho que os ciganos tem de sua etnia do seu grupo, de serem ciganos, ao mesmo tempo o não entendimento que sentem de alguns de sua origem negarem sua ciganidade, seja qual for o motivo, e nos esclarece que apesar da omissão, sempre existirão, não importando os acontecimentos nem que o gigante capitalismo os aperte em pleno século XXI, eles sobreviverão, porque os ciganos nunca deixarão de se orgulhar de serem simplesmente ciganos.
Os documentos que mencionam a saída dos ciganos da Índia são escassos e contraditórios, a lenda e a realidade se misturam, acontecimentos e lutas no noroeste da Índia, existindo pequenos reinos ao redor, tentavam emigrar para o sul, está migração deu-se com lutas entre si, houve diversas invasões nestas áreas, os Hunos Brancos, os Árabes e os Turcos, este último chefiado por Mohammed Ghur, dominando parte do território do Noroeste da Índia, deixando-a antes do ano 1000
[8].
Está dispersão se inicia com a conquista dos Persas no século III, Ardashir, Xá que reinou de 224 e 241 conquistou a área que hoje se denomina o atual Paquistão, pessoas se deslocam da Índia para a Pérsia
[9] para ali viverem, trabalharem, veio todas as classes de camponeses á músicos, tinham os ciganos a mesma língua e religião, alguns foram para o Egito[10], e com uma seita religiosa chamada de Atkingani, conhecida no império bizantino desde o século VIII, acredita se que o Deus Shiva, fora adorado pelos ciganos até terem o contato com o Cristianismo. Kali tal como Shiva, a deusa Negra era objeto de adoração de muitos indianos[11], Kalin também significa cigana e Kalon cigano, e Kalivo e Kalivirka significa homem e mulher negra, da etnia africana, no dialeto cigano, os primeiros ciganos devem ter chegado ao norte da Pérsia antes de 640.
O historiador Hamza ibn Hasan em Isfalini de Ispaham menciona a chegada de 12.000 músicos a Pérsia
[12], em 550, nos séculos X e XI esse mesmo fato e mencionado por Firdusi cronista e poeta no Livro dos Reis, o rei Sassânida Bahrãm Gor teria requisitado 12.000 músicos da Índia para a Pérsia seus descendentes seriam os que conhecemos como ciganos, formações de conglomerados, dispersos, de tribos nômades no norte da Índia antes de 1500 ªc. com inúmeras invasões, no século X, atravessaram a Armênia (palavras Armênias também fazem parte da língua cigana), pois houve uma integração aos comerciantes da região, a língua Armênia impregnou bastante o Romaní, fazem a sua diáspora cigana, comparada á dos Judeus.
Atravessam o Bósforo e adentram a Europa, estende se sua caminhada da Ásia para a Europa, relata o pesquisador Donald Kenrick, que está trajetória se deu quando a Peste Negra chega a Constantinopla em 1347, em 1390 os gregos são derrotados pelos Turcos, 10 anos após a batalha de Alepso, com isso são forçados, levados a emigrar pela Europa.

“Se os Rons soubessem o destino que os esperava na Europa talvez tivessem permanecido no Médio Oriente”
[13].

São três os principais grupos éticos ciganos:
Os Kalderasch, considerados os verdadeiros guardiões da cultura cigana, chamam se Rons, pois significa os homens modelos da espécie humana, subdivididos em grupos, Lovara, Boyhas, Luri ou Lovari, Churari ou Horarani, Matchuáia e os Turcos Americanos estabeleceram se na Moldávia, Valáquia e Hungria.
Os Gitanos, Kalô, ciganos ibéricos, diferem-se dos Kalderasch pela aparência física, dialetos e costumes, por seguirem percursos e caminhos diferentes assimilando assim particularidades que difere em sua cultura. Os Calons Catalães Portugues e Andaluzes estabeleceram se no Egito foram para a Espanha, Portugal, África do Norte e Sul da França.
Os Manouches, subdividem se em três grupos Valsikanês ou Sinti Franceses, os Gatshkanès ou sinti alemães e os Piemontesi ou sinti italianos, Italiotas estabeleceram se na Alemanha do Sul e da Alsácia.
Há também em nosso país os Calons brasileiros, chamados de Tropeiros, ainda nômades em pleno século XXI, onde perderam por demais suas tradições, e não são considerados ciganos por alguns outros grupos, que se denominam os verdadeiros guardiões da cultura cigana, mas os Calons Tropeiros são ciganos e há entre estes grupos uma enorme diferença em todos os aspectos do físico ao dialeto, houve uma junção da cultura cigana com a brasileira, em seus acampamentos dançam o forró e não as danças ciganas tradicionais, como o Romanés e o Flamenco a Rumba Gitana das quais já se perderam, alguns falam um dialeto chibiu, que contem palavras do romaní, sua gastronomia não se assemelha mais a culinária cigana, outro tipo de vestimenta que difere por demais das do grupo Rom etc. mas costumes como á família em primeiro plano, normas de casamento, morte, noivado nascimento estas permanecem, também há a introdução da miscigenação entre os Tropeiros do qual encontramos pelas cidades lendo a sina e negociando objetos de troca e venda, são na sua maioria nômades, que trazem seus dentes cobertos de ouro, e roupas coloridas com rendas retalhos de um colorido extravagante (por não ciganos são considerados como verdadeiros ciganos, pois permanecem em grande parte nômades no Brasil, e o grupo Rom em grande parte sedentária), o que se diferencia das mulheres do grupo Rom com suas suknias
[14] de estremo bom gosto e luxo que nos remete aos mais remotos tempos do oriente, suas condições socio econômicas se difere de grupo para grupo.

No Brasil os ciganos estão nas mais diversas posições sociais e profissionais.

Mas o grupo Calon português será o de maior comentário e observação em nosso trabalho pois foram os primeiros a serem degredados para o Brasil, a chegada dos ciganos e sua conjunção étnica e cultural, sua omissão ou omitidos no Rio de Janeiro, principalmente pela historiografia, hostilizados, perseguidos e castigados na História, mal interpretados e sempre postos a alguns erros cometidos à culpar toda uma etnia, tentam se manter em pleno século XXI, valorizando a virgindade, condenando a traição.

Isolados em sua cultura, um povo vivendo dentro de outra nação, o fechamento dos ciganos, o fez criar a fama de "diferente", o elemento que se difere da sociedade, o boêmio, o nômade.
Mas não podemos negar sua importância e participação na História do Brasil, chegaram ao século do descobrimento, século XVI, infiltrados nas terras de Vera Cruz, os ciganos viveram a Colônia, o Império, a República e até hoje permanece vivo mesmo que omisso aos não ciganos, se torna tema de reportagem, enredo de escola de samba
[15], tema de novela[16], o cigano está nos filmes, nas histórias de Drácula[17], no cinema e sempre estará no imaginário popular de um povo alegre, festeiro, dançante, e músicos, de um povo que está presente todo o dia, mas que parte ao amanhecer sem deixar pistas, para onde vão, se voltarão, ou se realmente estiveram ali, pois as fontes seguras documentais sobre ciganos são poucas, parte são imprecisas, e se resumem boa parcela em história oral.

“Ser Cigano é antes de mais nada, um estado de espírito”
[18].

Portanto este trabalho procura mostrar de forma acadêmica, a introdução dos ciganos no Brasil e seu contexto em um mundo não conhecido dos não ciganos, seu esquecimento na historiografia, sua anulação, tachados, marcados com um preconceito que vive até aos dias de hoje.

Hoje com novas proposta e intenções de mudar o conceito do cigano, o prêmio criado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, sob o Ministério da Cultura, Secretaria da Indentidade e da Diversidade Cultural, o concurso público de nome "João Torres" demonstra com certeza a importância do povo Cigano no Brasil como parte integrante e sólida de sua história.









[1] Muitos ciganos, negam que tenham vindos da Índia, e se orgulham em dizer que vieram do Egito ou da Grécia.

[2] Refiro me as Cartas de Tarô, e está lenda simbólica esotérica refere se as lâminas terem sido levadas à Europa pelos ciganos, os oráculos são tão antigos quanto o homem, o tarô consiste em 78 cartas, os quatro naipes, 56 cartas que são os arcanos menores e as 22 lâminas que seriam os arcanos maiores, o tarô fora identificado como fragmentos de um antigo livro egípcio, e Comte de Mellet esotérico e pesquisador, identificou o tarô como o livro de Thoth (Deus egípcio da lua e da sabedoria) , mas o certo é que a história mostra o contrário disto, os ciganólogos em seus estudos observando a saída dos ciganos da Índia, mostram que eles chegaram ao ocidente tarde demais para terem introduzido tais cartas. E o mais importante é que as ciganas não são tarológas, elas são cartomantes e quiromantes e jogam o baralho chamado ordinário ou seja o baralho comum, ou o de baralho de madame Lenomard, já em contato com a Europa Ocidental.
[3] Estes nomes estão relacionados por países que passam exemplo: na Espanha são Gitanos, na Itália são Zingaros, no Brasil Ciganos, nos Estados Unidos da América são Gypsies etc.

[4] Paspati consegue dos ciganos obter sua confiança para circulação dentro de seus acampamentos o que é difícil, pois os ciganos desconfiam dos não ciganos assim como os não ciganos desconfiam dos ciganos, ele consegue se fazer respeitavél e querido dos rons, sua pesquisa e dentro da vida cigana o que não obteria fora dela dentro de universidades o que seria por total fracasso tentar consegui-la (pesquisa).
Alexandre Paspati afirma ser`` A verdadeira história da raça tchinguiane está no estudo de seu idioma´´
( Cit. Fraser, 1998, p. 18 ).

[5] Português Sânscrito Hindi Rom Grego Rom Galês Rom Kalderasch

água paniyá paní paní paní paí
cabelo síras soná bal bal bal
pai táta tattá dat, dad dad dad
sol gharmá ghám kam kham kham

[6] Os ciganos são por demais inteligentes, muitos são poliglotas, falam vários idiomas, mas não o escrevem só falam, o que o nômadismo favorece a assimilação rápida de outras línguas, mas isso não interfere ao seu dialeto o Romanês, comunicam se entre si somente com sua língua, dialeto.

[7] Pema cigano:
Auzias, Claire. Os Ciganos ou o Destino Selvagem dos Rons do Leste, Lisboa Portugal: ed. Antigona, 2001.

[8] Kenrick, Donald. Ciganos da Índia ao Mediterrâneo, Lisboa Portugal: Centro de Recherches Tsiganes (Secretariado Entreculturas). ed. Interface, 1993. Pag. 10`` Da Índia à Pérsia´´.
[9] A Pérsia, foram para lá pela semelhança do idioma, do Hinduísmo, tratos de união entre os filhos e os Persas, surgindo possivelmente um grupo étnico novo.
Cit. Op. Kenrick, 1998 ``Havia uma relutância dos Persas em aceitar uniões com indianos.``
[10] Cit. Op. Moreno, p.18.
[11] `` Os Hindus acreditam que os ciganos são filhos de Rama, Rama é o eterno peregrino entre o passado e o futuro ´´,
Revista Planeta, n° 93 Junho de 1980, São Paulo. Texto de : Ednilton Lampião ``Um Povo Estranho a Magia dos Ciganos´´.
[12] Cit. Op. Costa (1996) afirma que as fontes documentais são exclusivamente Persas.
[13] Donald Kenrick, refere-se as perseguições e discriminações que os ciganos passaram na Europa, com penalidades e sacrifícios a rejeição por terem uma cultura por demais diferente, um grande choque cultural.
Os Rons chegam à Europa, chegando do Leste para o Oeste Europeu: 1348 Prizrem / 1362 Dubrovnik / 1373 Corfu / 1378 Mosteiro de Rilo Bulgária / 1382 Zagreb / 1348 Modon / 1397 Nauplie Grécia / 1407 Hildeshein Alemanha / 1416 Brosov Transilvânia / 1501 Lituânia / 1505 Escócia / 1513 Inglaterra.
[14] Suknias traje da mulher cigana dos grupos Rons, tecidos finos de estampados orientais, geralmente sedas, o mesmo tecido das saias é igual ao da blusa e do lenço da cabeça, com uma colocação especial da qual pode se identificar entre si pela simples forma de se ajeitar o lenço à cabeça, nestes trajes observamos moedas de ouro pingentes dourados, uma costura chamada casa de abelha nas blusas com mangas rainha, de um luxo e beleza inconfundíveis, saias de roda que levam metros de tecidos, que realçam em suas danças e em seus gestos ao caminhar, pois a mulher cigana tem uma postura austera e feminina ao mesmo tempo.
[15] Em 1992 foi enredo da Escola de Samba Unidos do Viradouro no Rio de Janeiro, com o enredo `` E a Magia da Sorte Chegou´´.
[16] Novelas da Rede Globo de televisão,`` Explode Coração ´´ , ``Pedra sobre Pedra ´´ , `` Sexto Sentido ´´ .
[17] Os ciganos nas histórias de vampiros sempre foram os guardiões de Dracúla, pois eram perseguidos como os vampiros e este os protegia em troca de serviços, observamos em Drácula de Brand Stock.
[18] Ático Vilas Boas, ciganólogo e professor de Literatura oral e folclore iberoamericano na Universidade de Goías, membro do centro de estudos ciganos de Paris e estudioso do povo.